No post de hoje eu vou falar sobre uma adaptação (live
action) que, eu me recordo, foi muuuuuito aguardada, por conta da história,
pelo fato da Bela ser uma das personagens favoritas de muita gente e por causa do
elenco; e sei que decepcionou um pouco: A Bela e a Fera (2017, dir. Bill Condon).
Vou começar dizendo que EU não sou público para histórias de
princesa, desde criança eu nunca assisti nenhuma história de princesa da Disney
(meus desenhos favoritos eram Hércules e Anastasia), então eu não tinha expectativa
alguma sobre o filme e, como eu não sei quais aspectos da adaptação são iguais
e quais divergem, então não tenho como falar sobre isso.
O filme conta a tão conhecida história de uma garota
inteligente, gentil, simples e leitora (Bela era obcecada por livros),
totalmente diferente das outras pessoas da vila aonde ela mora, que troca de
lugar com o pai após ele ser preso por uma Fera e, no fim, todos sabemos que
Bela e a Fera se apaixonam (acho que não tem nenhuma novidade na sinopse...).
Ao meu ver, quando se trata de um live action, ainda mais um
tão popular e que tem uma legião de fãs, o figurino (caracterização em geral) é
muito complicado, talvez o aspecto mais difícil de filmes desse tipo, porque as
pessoas sempre vão querer algo FIEL ao original e eu sei que com o figurino de
A Bela e a Fera houve problemas (e grandes reclamações) por conta disso.
A figurinista do filme é uma das minhas favoritas, Jacqueline
Durran. Para mim, ela executou de maneira bela um trabalho muito complicado,
fazer algo ao mesmo tempo novo e parecido ao original, e eu vou discorrer o
porque eu achei o figurino excelente.
Primeiro, o figurino do Gaston e do Lefou. No desenho,
Gaston era um caçador e, na adaptação ele e Lefou tornam-se soldados (ex?) do
exército francês (a história original de A Bela e a Fera foi escrita, e se
passa, no século XVIII, então, talvez, o diretor quisesse ter pego esses aspectos
da época) e toda a vestimenta dos dois é baseada no uniforme do exército
francês do século XVIII.
Mais ou menos como era o uniforme do exercito francês no século XVIII - Imagem do Pinterest |
Em uma entrevista a Entertainment Weekly,a figurinista
revela um pouco sobre a criação do figurino da Bela, ela criou peças que fossem
mais soltas e leves aonde a personagem (e a atriz Emma Watson que a interpreta)
pudesse correr e se movimentar. Nesse novo longa a personagem adquire
caracteristicas mais feministas então é possível a gente observar em diversas
cenas, por exemplo, que ela prende um lado da saia do vestido em uma parte da cintura,
mostrando parte da “roupa de baixo” (outro elemento que facilita a movimentação
da personagem e dá ela ela características mais reais e feministas).
O vestido amarelo, tão característico da personagem no
desenho, ficou um pouco diferente no live action. Jacqueline contou na mesma
entrevista citada acima que testou vários tecidos e tons de amarelo e que, por
fim, decidiu por fazê-lo em cetim (95 metros ao todo) com 2.160 cristais
Swarovski, ao todo levou-se mais de 12 mil horas para criar apenas esse vestido (esse trabalho todo
também ocorreu com o vestido da Cinderela em outra adaptação live action). Emma
Watson participou da criação do vestido e Jacqueline conta que "Para Emma,
era importante que o vestido fosse leve e que tivesse muito movimento. Na
interpretação de Emma, Bela é uma princesa ativa. Ela não queria um vestido que
tivesse espartilho ou que fosse impedi-la de qualquer modo."
Imagem do Adorocinema |
Quanto a Fera, Jacqueline e sua equipe fizeram toda a
vestimenta do personagem, mas teve que ser recriada pela equipe de efeitos
especiais que teve que adaptá-la para a tela levando em consideração os
movimentos. O traje mais icônico do personagem, que durante o filme todo tem
trajes lindíssimos e cheios de detalhes, é o que ele usa na hora da dança, o casaco
foi criado com veludo, fios de ouro e cerca de 22 mil cristais Swarovski.
Quanto aos personagens que foram transformados em objetos, é
possível notar nas roupas deles elementos que remontam aos objetos em que foram
transformados.
Ok, o figurino é excelente, porém a parte que mais me chamou
a atenção foi o fato dele tentar ao máximo ser “ecologicamente correto”.
Jacqueline Durran não tem redes sociais, porém ela tem uma assistente, Sinéad
Kidao, que em sua página do instagram ( @ thecostumedirectory ) compartilha
muitas informações e o processo de criação dos figurinos e é possível encontrar
algumas postagens sobre a criação da vestimenta em A Bela e a Fera.
A assistente mostra que o figurino com a capa vermelha
(imagem abaixo) foi um desafio que a equipe de figurino se fez para criar uma
vestimenta sustentável e correta, ela toda foi feita de tecidos reciclados,
tingimento com produtos naturais, lãs com certificado (que mostram que são
feitas de forma ecologicamente correta) e produção que não tem impacto algum no
meio ambiente. Além disso utilizaram padrões feitos a mão por um artista
londrino (em outro traje eles também utilizam artistas, dessa vez indianos,
para a criação das estampas no tecido) e, também, a Bela possui apenas 6 looks
que são mesclados para dar a impressão que ela possui mais. É muito importante
que se pensem em um figurino criado de forma sustentável, pensem quanta roupa é
feita para um filme, o quanto os processos durante essa criação podem ser
duvidosos e quanto dessas peças são reaproveitadas? Definitivamente essa
questão foi a que me fez gostar, e muito, do figurino criado para o filme.
Imagem do instagram @thecostumedirectory Figurino sustentável |
Figurino sustentável |
Figurino com tecido com estampa de artistas indianos |
Wrote by Eu Visto FIlmes