Mulheres no cinema: Vita & Virginia (2018)
Oieee, como vocês estão? O figurino de dessa terça é de um
filme que me indicaram, Vita & Virginia (2018, dir. Chanya Button). O filme
conta a história do romance entre as escritoras Virgínia Woolf e Vita
Sackville-West durante a década de 1920 (suponho que seja durante esse período,
pois no filme é retratado desde o inicio do envolvimento das duas, 1922, até um
pouco depois do lançamento da obra Orlando, 1928).
Eu não conheço quase nada da Virginia Woolf (ela está em uma
“lista” que eu costumo deixar coisas que eu sei que vou amar, no quesito filmes
e livros, para depois para não consumir rápido demais e ficar sem) e até antes
desse filme eu não conhecia a Vita, então quanto a veracidade do que acontece
ali, eu não saberia averiguar. Acontece que a história se passa na minha década
favorita, da moda, da literatura e pintura também e, tenho para mim, que essa
década poderia ter adiantado algumas coisas se não fosse a queda da bolsa de NY
em 1929 e a 2ªG.M., então o filme vai mostrar um pouco dessa excentricidade e
alegria de artistas (como a irmã pintora da Virginia) e teremos na figura da
Vita a figura da “melindrosa”. Vita era bonita (e fashionista), alegre e mimada
(fazia o que fosse para conseguir o que queria, mas descartava logo depois de
conseguir) e, confesso, me incomodou um pouco o relacionamento dela com a
Virginia, para mim ela queria muito mais ser admirada e amada pelo “ídolo”, e
fez de tudo para conseguir isso, do que realmente sentiu isso. Enquanto a
Virginia era uma pessoa que vivia fora daquela bolha de alegria e prosperidade comum
a década de 1920, ela era introspectiva e tinha alguns problemas com a própria
sexualidade. Um dos pontos positivos para mim do filme foi justamente essa introspecção
da Virginia, a dificuldade que ela teve de se entregar e aceitar o que estava
sentindo e o quanto ela acabou se entregando, e amando, a Vita. Confesso que,
pela frieza da Vita, eu não consegui acreditar nesse romance, percebi o que a
Virginia sentia, mas eu quase não reconheci o mesmo sentimento na outra
personagem.
Como um todo eu gostei do filme, eu gosto muito da Elizabeth
Debicki (Virginia) e da Gemma Arterton (Vita), a atuação das duas foi
impecável...só a abordagem da “loucura” da Virginia Woolf que eu achei um pouco
rasa.
Agora, quanto ao figurino, que é ao que se dedica esse blog,
pode-se dizer que é muito fiel a moda da década de 1920. Temos em muitas cenas
as personagens, principalmente a Virginia, utilizando o chamado “Vestido de chá”,
que é um vestido reto, com a cintura baixa (nos quadris) e alongada, que davam
liberdade de movimento e comprimento do vestido ou eram na altura dos joelhos
ou panturrilhas. Além disso, quase sempre, Virginia utilizava um cardigã, que
foi uma das peças mais utilizadas durante a década.
Há também muita utilização de calças pela personagem Vita. A
calça pantalona que ganhou a moda na década de 1920, impulsionada pela Chanel, é
muito vista durante o filme (assim como as pérolas) e o look criado pela
figurinista para Vita na primeira festa que ela conhece a Virginia é bem
parecido com as vestimentas que a própria Coco Chanel usava na época. Além
disso, os brilhantes vestidos de festas, com canutilho, brilho e a mesma
cintura alongada do “Vestido de chá” (junto ao famoso adorno de cabeça
brilhante), também é visto em algumas cenas.
Com certeza a minha parte preferida do filme foi o figurino,
para mim a figurinista irlandesa Lorna Marie Mugan (ela também é a responsável
pelo figurino das séries Normal People e Peaky Blinders) fez um trabalho
brilhante trazendo com muita fidelidade a moda de 1920 da Inglaterra e, também,
não deixou de lado os gostos e vestimentas da própria Virginia Wolff e da Vita
Sackville-West (abaixo foto das duas), olhando algumas fotos das duas é possível notar que a
figurinista não “inventou” um estilo para cada uma, ela apenas trouxe para o
filme o que elas costumavam usar.
Virginia Woolf. |
Vita Sackville-West (a de terno preto). |
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