Dress Code: Swallow (dir. Carlo Mirabella-Davis, 2020)

 Oieee, como vocês estão? Eu decidi fazer uma coluna um pouco diferente das outras, ela não terá um dia certo para ser postada no blog, chamada “Dress Code” (tradução: código de vestimenta, termo para designar um tipo de vestimenta utilizado em um lugar).

Talvez alguns de vocês já estejam familiarizado com o termo (se você assistiu “The Crown” sabe mais ou menos como ele funciona) e, no meu blog, vou aplica-lo para explicar sobre figurinos que tem significado, para ficar mais claro: um vestido que, pela cor, demonstra o humor da personagem naquela cena.

O primeiro filme dessa coluna será Swallow (em português devorar). A história é sobre uma dona de casa entediada que vive “trancada” em uma espécie de palácio contemporâneo e em um casamento perfeito, que passa a ter alotriofagia, um transtorno psicológico que faz a pessoa engolir coisas que não sejam alimentos, quando descobre que está grávida. O filme em si é bem incômodo e talvez seja um pouco difícil continuar assistindo para algumas pessoas, e conta com a atuação perfeita da Haley Bennett como Hunter (adoro essa atriz) e com uma arte e figurinos que passam muitas mensagens.

 Assim que eu terminei o filme, sem fazer pesquisa, a primeira coisa que me veio a cabeça foi que a personagem principal (Hunter) tinha um “quê” de Betty Draper (primeira esposa do personagem principal de Mad Men) e acabei descobrindo depois que a diretora de arte trabalhou na série e ela levou algumas coisas desta para o filme.

O filme inteiro gira em torno da Hunter e seu distúrbio, portanto, aqui eu falarei apenas do estilo dessa personagem. A Hunter tem um estilo “lady like”, que nada mais seria que saias, vestidos e peças extremamente femininos, abusando de cores como rosa, branco, vermelho e até as vezes um azul e amarelo, mas nada muito forte e chamativo, remetendo aos anos 1950 quando Christian Dior inventou o “new look”.

 

  

No começo, quase o filme inteiro, a Hunter é uma personagem submissa e isso é refletido na escolha do figurino dela. Ela abusa de saias e vestidos e as cores do mesmo nos passam as mensagens de: relaxamento, limpeza e gentileza (quando ela usa azul); carinho, sensualidade, delicada, doçura, inocência e infantilidade (rosa); e paz, pureza, modéstia, calma, inocência (novamente), harmonia e estabilidade (branco).

 

 
 
 
 

Note que eu destaquei a palavra ESTABILIDADE no branco porque é ai que entra a mágica e o trabalho maravilhoso da figurinista: TODOS os momentos que a personagem aparece usando branco mostra que ela está, na visão do noivo e da família dele, estável e controlada e quando isso vai se perdendo e a Hunter passa a ter uma maior consciência sobre ela mesma, a personagem começa a usar calças (em um ponto ela usa calça jeans o que demonstra a liberdade dela já que a peça “historicamente” está associada a uma certa liberdade e rebeldia) e a cor preta que está demonstrando a dor que ela enfrentou e está enfrentando, a angustia, o fato dela estar indo “contra as regras” que lhe foram impostas e, por fim, certa agressividade que em momento algum ela demonstrou até aquele ponto.

 


 

A figurinista Liene Dobraja foi extremamente perspicaz pois conseguiu fazer um figurino inteligente utilizando recursos de Colorimetria para passar mensagens dos sentimentos da personagem para os telespectadores e, para mim, apesar de não ser luxuoso e nem um figurino de época, esse é um dos filmes que eu daria 10 para o trabalho da figurinista.

Share:

0 Comments