Sci-fi, fantasia e Super-Heróis: Enola Holmes (2020)

Olá, como vocês estão? Resolvi fazer esse post sobre um dos mais novos filmes da Netflix: Enola Holmes. A meu ver, a pequena história da irmã mais nova do Sherlock Holmes que sai em busca da mãe que sumiu, pode ser classificada em uma história de heroína.

Eu confesso que sou muito desconfiada com filmes produzidos pela Netflix, mas esse foi uma surpresa agradável e divertida, ele é exatamente aquela história que nós crianças vemos entre os nossos 8 a 12 anos sobre aventuras que nos façam ter vontade de ser exatamente como o personagem principal (quem nunca assistiu “Os Batutinhas” e não teve vontade de participar de uma corrida ou ter um clube com os amigos?) e o mais interessante é que a protagonista da história é uma GAROTA! Quando eu era mais nova, as meninas sempre ficavam com a parte romântica, ou com a inteligência (olá Hermione) e tudo isso jogado em um segundo plano, nunca era a protagonista e, nesse filme, essa é a coisa que mais me interessou e eu queria muito que, na minha época, tivessem existido filmes dessa forma.

O filme, que se passa em 1884, mostra importantes eventos que ocorreram naquela época (mas sem aprofundamento já que é um filme para CRIANÇAS) e tem muito feminismo dentro dele. Além disso conta com um ótimo elenco Millie Bobby Brown como Enola, Henry Cavill como Sherlock Holmes (um Sherlock diferente do que eu tinha na cabeça, mais centrado e menos esquisito, só que esse é o legal dessa figura tão importante da literatura, ela pode ser interpretada de várias formas), Sam Claflin como Mycroft Holmes (pra mim faltou só uma importância familiar maior ao personagem) e Helena Bonham como Eudoria Holmes.

A história se passa durante a era vitoriana, período que a figurinista Consolata Boyle tem bastante experiencia (se olharmos o currículo dela vemos que ela foi a responsável pelo figurino de filmes que se passam no mesmo período, como Victoria e Abdul e Miss Julie), e foi na silhueta do período junto as mudanças que ocorriam na época, como o sufrágio feminino e a Lei da reforma inclusive tratados no filme, que Consolata se inspirou  para a criação do figurino do filme e, assim como a maioria dos figurinista responsáveis por roupas de época, ela buscou influencia em pinturas e fotografias da época, além da coleção do Victoria & Albert Museum (um dos maiores museus no que diz respeito a indumentária).

Durante o filme a gente nota que a personagem principal sofre certa evolução que reflete nas roupas, inicialmente ela usa vestidos soltos sem espartilho e sem nada que marcasse o corpo, existe só a cintura um pouco marcada. Além disso, ela ainda era uma “criança” e isso é visto nas golas que todos os figurinos dela “antes de ir para Londres” tem.

Enola utiliza diversos disfarces e dois deles são os que chamam mais atenção e que, de certa forma, ajudam na transição da menina para a mulher. O primeiro é o vestido vermelho que, segundo a figurinista, foi inspirado nos trajes do Music Hall da era vitoriana, nele há o uso da crinolina (aquela saia de metal colocada embaixo do vestido para dar volume ao quadril e exagerar a forma feminina, a moda da época), espartilho e decote, criando assim o “vestido de noite” da época. Ela completa o “look” com uma pequena bolsa, um acessório criado no início do século XIX.

 


 

O segundo disfarce, que para mim é o mais interessante, é o de viúva. Não sei se é de conhecimento de todos, mas durante a era vitoriana existia uma espécie de “código de vestimenta do luto” e, cada fase, possuía características próprias e, no filme, o disfarce de Enola é da primeira fase do luto, aquela mais dolorida, por isso ela usa apenas preto, tecidos lisos e sem brilho e um enorme véu, como a moda do período.

 


O filme todo é uma transição da personagem e, em um das última cenas, a gente pode vê-la usando um vestido de cores claras e simples, lembrando os usados no começo do filme, com a cintura marcada e um decote discreto, o que demonstra a influência de Londres e todo o crescimento que a personagem teve.

 

Quanto aos irmãos Holmes, o mais velho, Mycroft, ele faz o estilo alfaiataria da época, com uma sobrecasaca de abotoamento duplo e uma cartola (o estilo mais formal da moda masculina da era vitoriana. Já Sherlock, utilizava o mesmo estilo de roupa, porém de abotoamento simples e sem a cartola, tornando-o um pouco mais informal. 



 E, embora a intenção talvez não tenha sido um figurino “ecofriend”, nas cenas de flashback do filme, com Enola e a mãe, Consolata optou por usar linho, tecidos e pinturas naturais para evocar uma imagem de libertação e uma vida simples e longe dos padrões da época para a garota.


 

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